Qi Baishi (齊白石, 1864-1957) é considerado um “obscuro artista chinês” pelos ocidentais, mas é “o Picasso da China” para os chineses. Ele foi um dos maiores pintores da história da República Popular da China. Então, na esperança de apresentar ao Ocidente este influente pintor chinês, o post de hoje é dedicado a Qi Baishi.
Quem foi Qi Baishi?
Seu nome original é Qi Huang (齊 璜) e o nome de cortesia é Weiqing (渭 清). Baishi (“pedra branca”) é um dos seus pseudônimos. Algumas das principais influências de Qi incluem o artista da dinastia Ming, Xu Wei (徐渭), e o antigo pintor da dinastia Qing, Zhu Da (朱 耷).
Nascido em 1864 num bairro camponês de Xiangtan (湘潭), Hunan, Qi Baishi tornou-se carpinteiro aos 14 anos, e foi em grande parte por seus próprios esforços que se tornou adepto das artes da poesia, da caligrafia, da pintura e da escultura. Copiando pinturas que seguiam o padrão do Manual de Pintura do Jardim de Mostarda, um famoso manual de pintura da dinastia Qing, Qi Baishi aprendeu sozinho a pintar.
A princípio não estudou em uma escola de arte, apesar de ter ensinado pessoas a pintar, mas, posteriormente, encontrou artistas profissionais para orientá-lo. Foi em treinamento com seus mentores que Qi percebeu que a arte era algo que ele poderia realmente seguir profissionalmente. A primeira exposição paga à qual ele conseguiu submeter seu trabalho foi como retratista de família.
Ele formou a sociedade de poetas Longshan em 1895 com vários de seus amigos, que então o elegeram o diretor.
Em 1904, aos seus quarenta anos, Qi Baishi começou a viajar à procura de mais inspiração. Ele conheceu a Escola de Shanghai, que era muito popular na época, e também Wu Changshuo (吳昌碩), que depois se tornou um mentor para ele e inspirou muitas de suas obras. Outra influência de Qi Baishi surgiu quinze anos depois, em 1919, quando Qi se aproximou de Chen Shizeng (陳師曾), depois de se estabelecer em Pequim.
Suas coleções de poesia, Jieshanyinguan Shicao e Baishi Shicao, foram publicadas em 1928 e 1933, respectivamente.
Durante a guerra sino-japonesa, Qi estava convencido de que não queria que os japoneses comprassem seu trabalho. Em 1937, quando conquistaram o controle de Pequim, Qi trancou a porta e recusou-se a admitir quaisquer convidados. Ele postou uma placa do lado de fora que dizia: “O Ancião Baishi teve uma recorrência de doenças cardíacas e parou de receber convidados” (algumas fontes dizem que ele chegou a colocar uma placa dizendo: “O Ancião Baishi está morto”). Na época, Qi também deixou o emprego ensinando na Faculdade de Arte de Pequim.
Em 1953, Qi Baishi foi eleito presidente da Associação de Artistas Chineses. Ele foi ativo até o fim de sua longa vida e serviu brevemente como presidente honorário da Academia de Pintura Chinesa de Pequim, fundada em maio de 1957.
Se você pesquisar sobre Qi na internet, pode se deparar com relatos de que ele recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1956. Impressionante para um pintor, certo? Bem, esses relatórios estão errados – Qi não recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1956 (na verdade, não foi concedido a ninguém naquele ano) ou em qualquer outro ano. O que ele realmente recebeu em 1956 foi o Prêmio Internacional da Paz do Conselho da Paz Mundial, o que ainda é bastante impressionante.
Qi Baishi morreu em Pequim em 16 de setembro de 1957. Foi considerado tanto em vida como após a morte como o melhor pintor chinês do século XX.
A arte de Qi Baishi
Os temas de suas pinturas incluem quase tudo, geralmente animais, paisagens, figuras, vegetais e assim por diante. Em seus últimos anos, muitos de seus trabalhos retratam ratos, camarões ou pássaros.
Sua produção prodigiosa reflete uma diversidade de interesses e experiências, geralmente focada em coisas pequenas, e nem sempre em paisagens amplas. Camarões, peixes, caranguejos, sapos, insetos e pêssegos eram seus temas favoritos. Usando tinta pesada, cores brilhantes e pinceladas vigorosas, ele criou obras de uma maneira nova e viva que expressava seu amor pela natureza e pela vida.
Qi é talvez conhecido tanto por seus títulos e inscrições inteligentes quanto por suas habilidades de pintura. A pintura dos pintinhos, a terceira mostrada acima, é intitulada “O sexo dos filhotes ainda não determinado”, enquanto uma outra pintura de dois filhotes brigando pelo mesmo verme é inscrita “Amigos no passado”. Provavelmente não é surpresa, então, que Qi também era poeta.
Qi é famoso por suas pinturas de flores e animais, especialmente camarões, muitos dos quais foram criados quando ele tinha mais de 70 anos. Curiosamente, porém, Qi realmente preferia pintar paisagens, e considerou suas habilidades de pintura de paisagem superiores à sua habilidade em pintar pássaros, flores e outros objetos.
O Legado de Qi Baishi
Qi é o terceiro artista mais vendido em leilões globais de arte, com base nos dados de mercado da Art Price divulgados em meados de 2010. Os 70 milhões de dólares em vendas de leilão do Qi ficaram atrás apenas de Pablo Picasso e Andy Warhol, que tiveram 220 milhões de dólares em vendas de leilão em determinado período. Embora ele seja virtualmente desconhecido nos EUA e no Reino Unido, os amantes de arte chineses vêm colecionando a obra de Qi há anos, com o trabalho de Qi em todas as coleções chinesas importantes. As vendas passadas de Qi foram quase exclusivamente em leilões chineses.
Se você gostou, pode conferir as coleções das pinturas de Qi no China Online Museum. Também há um documentário da CCTV chamado “Civilização e Inovação: Qi Baishi. Vale a pena conferir.
Para finalizar o post, fique com algumas das pinturas mais belas feitas por Qi:
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Por Rafael Queiroz Alves
Fontes: Andréa Fernandes, Mental Floss, Conselho da Paz Mundial, China Online Museum, Art Price