Que tal conhecer mais um pouco da cultura chinesa hoje? Especificamente, sobre cinema? Se você nunca ouviu falar no cinema chinês, vai conhecer agora o melhor diretor e roteirista do país, considerado por muitos como o melhor do mundo: Jia Zhangke.
Quem é Jia Zhangke?
Jia Zhangke, 贾樟柯 (em chinês simplificado) nasceu na cidade de Fenyang, na província de Shanxi (não confunda com Shaanxi!), na China, em 1970. É um realizador, diretor e roteirista do cinema chinês. Jia Zhangke começou como um realizador independente, que fazia seus filmes com poucos recursos, sem apoio do governo (que apoia, patrocina e financia notáveis produções audiovisuais no país). Ele desenvolveu de forma totalmente independente, desde 1995 até 2002, cinco obras.
Após lançar sua trilogia independente sobre sua terra natal, Shanxi, o cineasta ganhou fama e, consequentemente, apoio do Estado para lançar em 2004 seu primeiro filme, que pôde ganhar impulso no público: The World. A partir de então, com mais recursos, o artista cresceu ainda mais, passando a ter seus filmes transmitidos para o mundo.
Passando a ser visto por pessoas de todo o mundo, Jia Zhangke ganhou diversos prêmios internacionais. Desde o Globo de Ouro até o Festival Internacional de Cinema de Veneza premiaram o chinês.
Sobre os filmes de Jia Zhangke
Em primeiro lugar, para compreender o que Jia Zhangke quer dizer com suas filmagens, é preciso entender um aspecto fundamental de sua biografia. O diretor, que nasceu no final da era maoista (encerrada em 1976, com a morte do presidente), acompanhou um momento decisivo da história da China: a ascensão do socialismo de mercado com Deng Xiaoping. Ele foi um dos chineses que viram o país transitar do maoismo para o denguismo e sentiram na pele todas as mudanças trazidas em suas vidas a partir de tal processo.
Seus filmes, como percebe-se pela abordagem temática das suas primeiras produções, costumam desenvolver reflexões sobre a transformação modernizante pela qual a China vem passando. Preocupado com possíveis superações e esquecimentos de atributos físicos da China devido às construções de obras sofisticadas e tecnológicas sobre os monumentos tradicionais, que vêm sendo incentivadas pelas tendências mercadológicas da economia nacional, Jia Zhangke busca filmar o país para captar a essência do que resta.
O artista faz a defesa da memória cultural, mas, ainda assim, não nega a prosperidade chinesa. Ele apenas quer registrar o que vem sendo perdido desde 1976: os sensos de lugar, comunidade e igualdade. O choque entre passado e futuro no presente marca o significado de suas filmagens.
Quanto ao estilo de seus filmes, Jia Zhangke tenta misturar a estética de documentário com a do drama. Hora ele pode oscilar mais para um polo, outrora para outro. Ele faz apelos imagéticos ao registrar paisagens, belezas naturais e culturais, exatos momentos em que lugares estão sendo demolidos para serem substituídos, etc. Trata-se de uma abordagem sensível, histórica e documental que reflete acerca de uma realidade estrutural superior aos trabalhadores simples e impotentes, que apenas observam de forma passiva as transformações constantes que acontecem dentro do país.
Proximidade com o Brasil
O diretor brasileiro Walter Moreira Salles faz grandes esforços para trazer a obra de Jia Zhangke ao Brasil. O cineasta brasileiro se declara explicitamente um grande fã do chinês. Em 2015, lançou o documentário Jia Zhangke, Um Homem de Fenyang. A sinopse é a seguinte:
Um retrato afetivo do jovem realizador chinês Jia Zhangke que, para muitos, se tornou um dos mais importantes cineastas de nosso tempo. Jia Zhangke volta aos locais onde rodou seus filmes, junto com seus atores, amigos e colaboradores mais próximos para relembrar as fontes de inspiração dos seus filmes. É a memória de um cineasta e também da China, um país em convulsão que se desvenda pouco a pouco.
Walter também tem um ensaio sobre o chinês presente no livro O Mundo de Jia Zhangke. Entretanto, a obra conta com ensaios do jornalista francês Jean-Michel Frodon. Walter e Jean-Michael analisam minuciosamente detalhes dos filmes significativos da obra do cineasta chinês. O livro foi lançado em 2014 no Brasil, com tradução de Cecília Mello, contendo 336 páginas.
Para encerrar, confira abaixo dois vídeos: uma entrevista com Walter e outra com Jia. A entrevista com Walter foi feita pelo canal sino-brasileiro do Youtube, Pula Muralha, e a com Jia foi feita no programa Metrópolis, do Canal Cultura.
Entrevista com Walter no Pula Muralha:
Entrevista com Jia Zhangke no Metrópolis:
Não conhecia Jia Zhangke? Então assista logo seus filmes e vá para a China para aproveitar os locais tradicionais tão valorizados pelo diretor. Você pode aproveitar a China com a ajuda da China Vistos. Basta entrar em contato e conhecer nossos serviços!
Fontes: National Public Radio, Adoro Cinema, Pula Muralha, TV Cultura, Saraiva