Economia da China Resumida

Economia da China Resumida

Esta semana, uma discreta notícia apareceu na imprensa: a moeda nacional chinesa, o renminbi (mais conhecido como Yuan), passará, a partir de outubro de 2016, a fazer parte da “cesta de moedas” consideradas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) como “reservas reconhecidas”. O renminbi junta-se, assim, ao dólar, ao euro, à libra esterlina e ao iene japonês, como moedas facilmente conversíveis mundialmente. E o Yuan já aparece na terceira posição (logo atrás do dólar e do euro). Se, na prática, isso pouco muda em termos de transações comercias, simbolicamente o valor é imenso. Trata-se do reconhecimento internacional da solidez da moeda chinesa (e consequentemente de sua economia), fazendo da China um parceiro ainda mais importante e confiável na economia globalizada. Isso, claro, além de facilitar muito as operações bancárias internacionais. A China, o poderoso país asiático, continua a cada dia conquistando mais prestigio e desempenhando papel importante na economia global. Mas isso nem sempre foi assim. Uma rápida leitura da História econômica da China pode nos ajudar a compreender melhor o gigante asiático.

A História econômica da China

Muito antes da Era Cristã, a China não era um país unificado, mas uma região composta de vários reinos, países ou feudos independentes. Coube a Qin Shi Huang unificar estes reinos, e assumir o papel de Imperador, o que ocorreu por volta de 226 AC.

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A China sempre foi considerada pelos seus habitantes o centro do Universo, e os sucessivos imperadores (que recebiam o titulo de Filho do Céu) estimulavam este conceito, e eram contra o comércio exterior. Consideravam que seu país possuía tudo que necessitava, e na medida certa para seus habitantes. Assim, em parte da História econômica da China, durante todo o período antigo e medieval, o país ficou quase isolado do resto do mundo. Claro, haviam exceções: comerciantes portugueses e de outros países importavam linho, têxteis e outros produtos chineses, como temperos, obras de arte e perfumarias. Mas era uma atividade em pequena escala, independente, que nunca foi objetivo nacional. Mas tudo isso ia mudar muito nos séculos seguintes.

Mudanças à vista

Com o aperfeiçoamento dos navios, e o desenvolvimento da Geografia, tanto a extensão do país chinês, sua imensa população e as rotas que lá levavam se tornaram mais conhecidas. Os países europeus e o Japão passaram a ver a China como um imenso território a ser explorado comercialmente. Os chineses, embora tivessem inventado a pólvora, não deram tanta importância à construção de forças armadas eficientes e poderosas, e ao desenvolvimento de armas modernas, com alto poder de fogo. Na verdade, talvez a maior preocupação dos chineses (fora a sobrevivência) fosse com a educação e a cultura, que valorizavam muito.

Assim sendo, os chineses se viram forçadas a abrir seu país para os comerciantes europeus e japoneses que, na verdade, exploravam o país. Existe, em português, a expressão “negócio da China”, para indicar uma transação comercial muito lucrativa.

Um líder decide terminar o isolamento

Após muito tempo, durante o qual atravessaram as duas guerras mundiais, abandonaram o império para constituir uma república, os chineses chegaram à década de 1970 como um país fechado, com um regime autoritário, isolado tanto econômica como diplomaticamente do resto do mundo. Seu líder, o primeiro-ministro Mao Zedong (também conhecido como Mao Tsé-Tung), uma figura controversa, tinha absoluto controle do país. Mao, embora politicamente radical, era um homem extremamente perceptivo. Sabia que seu país não estava na trajetória correta, pois os vários planos econômicos tinham falhado.

Mas a China tinha alguns trunfos. Era uma das três potencias nucleares (ao lado dos EUA e da URSS). Tinha um mercado de mais de 1 bilhão de pessoas, e era também um dos maiores países do mundo, em extensão territorial. Era então a época denominada “Guerra Fria”, com as três potências desconfiadas uma da outras, e lutando para se sobressaírem. Mao percebeu que a economia de seu país precisava urgentemente se abrir para o resto do mundo. Assim sendo, embora considerasse os EUA como inimigo político, percebeu que podia ao mesmo tempo tê-lo como parceiro comercial, e aproveitando para aliviar as tensões de ambos os lados.

A diplomacia do ping-pong: sinais amistosos

Recorreu então a um estratagema bem estudado. A equipe nacional de tênis de mesa (ping pong) estava fazendo exibições em países da Ásia. Mao ordenou que a convidassem para um torneio amistoso na China. Ora, o tênis de mesa é um esporte imensamente popular na China; sua federação possui milhões de filiados. Nos EUA, é apenas mais um esporte, e sua federação possuía apenas alguns milhares de membros.

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Para os americanos aceitarem (o que queria fazer), dependiam da autorização do presidente americano, que na época era o republicano Richard Nixon, ferrenhamente anti-comunista e inimigo declarado do sistema chinês. Mas Nixon também era um homem de visão; percebia que um mercado como o chinês representaria para os americanos uma quantidade quase infinita de oportunidades de bons negócios. Deste modo, não só autorizou a participação americana (que foi uma enorme festa, tendo sido os atletas extremamente bem recebidos, lotando ginásios de torcedores…os chineses simplesmente permitiram que os americanos vencessem uma partida, por delicadeza e educação, pois o nível técnico dos americanos estava muitíssimo abaixo dos anfitriões).

A diplomacia do ping-pong logo deu seus frutos para a História econômica da China, com uma visita de Nixon à China, em 1972. Nixon conversou brevemente com Mao (encontro histórico), e assim, China e EUA iniciaram suas grandes e cada vez mais importantes relações comerciais. Mao faleceu alguns anos depois. Após alguns lideres fracos, o poder foi assumido por Deng Xiao Ping, um astuto político, pragmático e ansioso por modernizar e incrementar a economia nacional.

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A Modernidade chega com força…e traz resultados

Com Deng no comando, as coisas mudaram ainda mais. Os empresários americanos em princípio viam a China como um grande importador de bens e serviços. E é. Mas a China partiu agressivamente para a exportação. Afinal, para importar é preciso divisas, dinheiro, e isto se consegue exportando. Para isso, em mais um capítulo da História econômica da China, o país entrou em um processo focado de modernização tecnológica a aprimoramento da produção em massa. Nem precisa acrescentar que isto foi possível com a melhoria e reforma do sistema educacional.

Hoje é muito difícil não encontrar produtos chineses nos grandes (e até pequenos) estabelecimentos comerciais dos países ocidentais. Roupas, sapatos, enfeites, telefones celulares, computadores, veículos, etc. Dessa forma, o PIB chinês (a soma de todos os bens e serviços produzidos no pais) alcançou números recordes: vem crescendo a taxas consideráveis ano a ano.

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Neste gráfico, vemos que em 2014 deixaram os EUA “comendo poeira”. O Brasil, mergulhado muito mais em dificuldades políticas do que econômicas, teve um PIB extremamente ruim; e precisa reverter esta situação, o que não se faz do dia para a noite.

Visão comercial da China hoje

Recentemente, a História econômica da China vem mudando, e a China hoje tem muitos milionários (e um contingente cada vez maior de bilionários também). A internet possibilitou o “comércio eletrônico” (e-commerce), agilizando muito as transações comerciais internacionais. Um dos bilionários chineses é justamente Jack Ma, o fundador e dono da Alibaba, o maior provedor de acesso a internet da China. Mas a Alibaba vai muito além disso, comercializando agressivamente produtos de seus parceiros.

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Dinâmico e otimista, Jack vê sua empresa sendo uma das 4 ou 5 grandes empresas mundiais que dominarão o mundo virtual (as menores seriam,segundo ele, “engolidas”).

Oportunidade de negócios e diferenças culturais

Assim que Nixon permitiu o acesso dos americanos à china, houve verdadeiro atropelo de empresários em busca de serem os primeiros a levar vantagem. Experimentaram as primeiras dificuldades. Aqueles que pensavam em ir a China, fechar negócios rapidamente e retornar a seu país,se frustraram. O idioma, bem diferente dos ocidentais, é uma barreira, mas não é tão importante.

A atitude, sim. Como resultado da História econômica da China, os chineses prezam a paciência, a educação, e a polidez em tratos comerciais. São bem diferentes dos pragmáticos americanos, que querem resolver tudo o mais rápido possível. Mesmo hoje, não é por acaso que surgiram várias empresas que, conhecendo tanto a cultura oriental como ocidental, se dispõem a servir como intermediários nestes contatos comerciais, evitando mal entendidos e facilitando a conclusão.

Fontes: Folha de São Paulo, SEBRAE/SC, Blog do VT
Por Antonio Carlos de Oliveira, diretamente de Presidente Prudente, SP, Brasil