Segundo a estimativa oficial do governo chinês em 2020, a China tem hoje 1.402.509.320 habitantes. Isso torna a China o país com maior população de todo o mundo, seguido pela Índia e os Estados Unidos. Para organizar e, principalmente, alimentar tamanha população, o governo chinês tomou algumas medidas restritivas ao longo de sua história. Uma delas foi a política do filho único, que perdurou por 36 anos e causou opiniões divergentes em diversos países.

História

O PCC (Partido Comunista da China) é o único partido político do país e tem como característica uma forte influência no cotidiano da população, agindo principalmente em pró do bem-estar da população chinesa como um todo. É importante ressaltar aqui que o senso de coletividade dos chineses é muito mais forte do que o dos brasileiros.

Ainda que Pequim tente reverter os resultados negativos da política do filho único, o programa extinto em 2015 ainda ameaça o desenvolvimento chinês (Foto: David Pollack/Corbis via Getty Images)
Campanha do governo na época, onde se lê “Se você quer prosperar, você deve controlar a população”. (Foto: David Pollack/Corbis via Getty Images)

Ou seja, ações realizadas em coletivo são extremamente respeitadas, como foi possível observar no comportamento dos chineses durante a quarentena no início de 2020.  Tal senso de coletivo se reflete no respeito às políticas implantadas no país, uma vez que são para o bem de toda a população.

Em 1979 o governo chinês implantou a política do filho único. 

Esta lei, instituída por Deng Xiaoping, proibia que qualquer casal tivesse mais do que um filho. Em caso de desrespeito à norma, o casal sofria sanções e multas aplicadas pelo governo. O objetivo era frear o crescimento populacional exponencial, assim, facilitando a organização dos serviços civis como sistema de saúde e educação de qualidade para atender todos os chineses.

Além disso, a economia chinesa estava iniciando sua abertura econômica e temia-se que tamanho crescimento populacional pudesse sem um empecilho.

Caso esta política não tivesse sido implantada, as estimativas são de que a população chinesa teria crescido em 400 milhões de pessoas a mais nos últimos 25 anos. Os chineses nascidos durante o período em que vigorava esta lei são todos filhos únicos, por isso sendo apelidados carinhosamente de “pequenos imperadores”. O modelo familiar incentivado era o “quatro-dois-um”, ou seja, quatro avós, dois pais e um único filho.

Críticas

Exceções

Como em toda norma, havia exceções à regra. Neste caso, as famílias que habitavam as regiões rurais do país tinham direito a um segundo filho, especialmente se a primeira filha fosse uma mulher. Alimentar tamanha população sempre foi uma das prioridades do governo chinês, e uma boa alimentação depende de uma base agrícola produtiva. Outra exceção eram as famílias pertencentes à minorias étnicas (a China tem mais de 56 delas) e também aquelas onde um dos pais realizasse um trabalho de alta periculosidade.

Aborto e abandono

Um dos pontos mais criticados quanto à política do filho único era o aumento da taxa de abortos e abandonos, ainda mais frequentes quando o feto era do sexo feminino. A preferência por filhos homens nas famílias chinesas é um traço cultural que perdura por muitos séculos. Segundo tal mentalidade, os filhos homens teriam a responsabilidade de cuidar dos pais quando idosos, além de herdar os bens da família e dar continuidade à linhagem.

Atualmente

A preferência por filhos homens causou uma diferença entre a população chinesa feminina e masculina. São 30 milhões de homens a mais do que mulheres na China. Por conta disso, os médicos hoje são proibidos de relevar o sexo do feto aos pais.

Em 2019 a China registrou a menor taxa de natalidade desde 1949, o que pode ser um problema ao tratarmos de reposição populacional. Os chineses hoje são incentivados a terem mais filhos em nome do país. Os jovens chineses que começam a constituir uma família raramente querem um segundo filho.

Um dos motivos é não querer sobrecarregar os avós da criança, uma vez que com ambos os pais trabalhando, as crianças devem ser cuidadas pelos avós (na maioria das vezes, paternos). Outro motivo seria a dedicação à carreira por parte dos pais e das mães, agora ainda mais do que antes. O governo chinês, por outro lado, quer que o país volte a ter um grande crescimento populacional. 

 

 

 

Por Mariana Madrigali

Fonte: Época Negócios, China Daily, BBC