A China encerrou 2016 sendo detentora de 50 sítios culturais, naturais e mistos, já se mantendo em uma boa posição na Lista de Patrimônios Mundiais da UNESCO. No entanto, neste ano, o grande dragão asiático conseguiu aumentar sua lista, totalizando 52 itens, através da inclusão de mais dois de seus grandiosos pontos turísticos: Hoh Xil e Gulangyu. Esses dois novos Patrimônios Mundiais chineses ganharam maior visibilidade enquanto pontos turísticos, o que trouxe benefícios lucrativos que tanto enalteceram ainda mais a influência cultural da China pelo mundo, como movimentaram seu mercado turístico, fazendo crescer ainda mais a segunda maior economia do mundo. Confira abaixo mais informações sobre esses locais que podem ser seus próximos destinos turísticos na China!

 

Os dois novos Patrimônios Mundiais chineses
Hoh Xil, à esquerda, e Gulangyu, à direita.

 

Uma breve introdução sobre os Patrimônios Mundiais chineses

A China possui 52 Patrimônios da Humanidade, que pertencem à “Lista de Patrimônio Mundial da UNESCO”. É o segundo país que mais possui patrimônios, só perdendo para a Itália, que tem 53, e é seguida pela Espanha, com 46 patrimônios, no ranking mundial. A China ratificou a Convenção sobre a Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural em 12 de dezembro de 1985, incluindo locais de recursos valiosos e ricos da República Popular da China, além de locais de turismo.

Desses 52 locais, 36 são patrimônios culturais, 12 são patrimônios naturais e 4 são chamados de “mistos” (Patrimônios culturais e naturais juntos). Desde 2004, a China está investindo nas reformas em grande escala nesses tesouros da história. Os seis primeiros patrimônio da segunda maior economia do mundo, situados em Beijing, foram – os Túmulos Ming, a Grande Muralha, a Cidade Proibida, o Templo do Céu, o Palácio de Verão, bem como o “Homem de Pequim”. Além disso, o país tem um patrimônio cultural imaterial rico, com vários deles inscritos na lista de Obras Primas do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade da UNESCO.

Os dois novos Patrimônios Mundiais chineses, incluídos em 2017 na Lista, deram ao país a segunda posição de maiores detentores de sítios naturais e culturais do mundo. São eles: a reserva natural de Hoh Xil e a ilha Gulangyu.

Fazendo uma consideração geral, a China Vistos possui dois artigos que falam sobre os demais patrimônios chineses. Você pode conferir o primeiro clicando aqui e o segundo clicando aqui. Entretanto, o foco no presente artigo são os já mencionados dois novos Patrimônios Mundiais chineses incluídos na lista da UNESCO neste ano.

 

O primeiro do ano entre os novos Patrimônios Mundiais chineses: Hoh Xil

 

A elevada altitude no território o torna bastante frio
A neve nas altas montanhas de Hoh Xil.

 

A 41ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial em Cracóvia, no sul Polônia, entre os dias 2 e 12 de julho, decidiu colocar Hoh Xil, em Qinghai, na Lista do Patrimônio Mundial como um sítio natural. Com isso, a China obteve, no momento, seu quinquagésimo primeiro patrimônio na Lista. No dia 7, Hoh Xil foi listado entre os Patrimônios Mundiais da UNESCO como “o maior e mais alto planalto do mundo”. Trata-se do primeiro entre os novos Patrimônios Mundiais chineses incluídos neste ano na Lista.

Hoh Xil ou Kekexili (significa “garota bela e jovem” em mongol) é uma região isolada, localizada no nordeste do planalto Qinghai-Tibete, e é o maior e mais alto do mundo, como reconheceu a UNESCO. Hoh Xil abrange 37.356 quilômetros quadrados com uma zona de amortização de 22.909 quilômetros quadrados, além de uma extensa área de montanhas alpinas e sistemas de estepe a elevações de mais de 4.500 metros acima do nível do mar, onde as temperaturas médias abaixo de zero prevalecem durante todo o ano.

Por isso, às vezes referido como o “terceiro polo do mundo” (para além dos polos norte e sul), Hoh Xil tem um clima de planalto frígido, com temperaturas médias durante todo o ano e a menor temperatura atingindo ocasionalmente 45 graus negativos. As condições geográficas e climáticas do local criaram uma biodiversidade única. Mais de um terço das espécies de plantas, e todos os mamíferos herbívoros são endêmicos do platô. A propriedade garante a rota migratória completa do antílope tibetano, um dos grandes mamíferos ameaçados de extinção endêmica do planalto.

 

Por que visitar a reserva nacional Hoh Xil?

 

A fauna e a paisagem pacífica e tranquila combinadas atraem turistas
A vida animal é um dos atrativos de Hoh Xil para os turistas.

 

  • A última terra que resta no seu estado original: Com a ausência de humanos, Hoh Xil preservou seu estado primitivo. A reserva possui uma paisagem particularmente bonita, incluindo vales, geleiras, montes de geadas, florestas de pedra e fontes de ebulição. As vastas colinas onduladas e planícies oferecem amplas vistas. Além disso, rios de todos os tamanhos atravessam quase toda a reserva total. Existem 107 grandes lagos e mais de 7.000 lagos menores. De todos eles, o Lago Ulan Ul, com uma área de mais de 1300 quilômetros quadrados, é o maior e também é o quarto maior lago de Qinghai.
  • O Reino dos Animais Selvagens: A reserva é rica em espécies de vida selvagem e a maioria são espécies endêmicas da região do platô Qinghai-Tibet. Possui mais de 230 tipos de animais selvagens e 202 espécies de plantas. Um grande número de iaques selvagens, antílopes tibetanos, burros selvagens, cervos de lábios brancos e ursos pardos, que são originários do planalto Qinghai-Tibet, criam um cenário único na área. Entre eles, o antílope tibetano é especialmente raro, corre riscos de extinção, e, portanto, está sob proteção do Estado. Se você tiver sorte, poderá ver um antílope correndo rápido por lá com postura graciosa.
  • A terceira maior terra do mundo sem pessoas: A Reserva Natural Nacional Hoh Xil tem um clima alpino devido à sua elevadíssima altitude. Influenciado por um forte vento oeste durante todo o ano e devido à falta de água e oxigênio, é seco e frio, e não é habitável para humanos. No entanto, é um local aberto para ser, de certa forma (claramente regulamentada), visitado e admirado por suas belas paisagens.

 

Como chegar no primeiro sítio dos novos Patrimônios Mundiais chineses?

 

Chinês cuidando dos animais de Hoh Xil
O governo chinês toma iniciativas para preservar a fauna em Hoh Xil.

 

A melhor maneira de ir para a Reserva Natural Nacional Hoh Xil é alugar um carro em Golmud (Condado em Qinghai que faz fronteira com o Tibete). Custa pelo menos 500 CNY por dia um carro comum, e 1.000 CNY por dia um SUV. Abaixo, seguem algumas dicas para os interessados em visitar o sítio natural dos novos Patrimônios Mundiais chineses:

  • Como o ambiente em Hoh Xil é frágil, os turistas podem desfrutar do seu cenário observando-o de carro ou de bicicleta ao longo do leste da Estrada Qinghai-Tibet. Ao tomar a Ferrovia Qinghai-Tibete, você também terá a chance de apreciar essa terra maravilhosa. Não é aconselhável entrar na área central.
  • Aqueles que não estão totalmente adaptados ao clima do planalto devem se abrigar e acostumar na cidade de Golmud antes de ir para Hoh Xil.
  • É recomendado visitar a área com um suporte experiente, isto é, um guia local.
  • Não vá muito perto dos animais selvagens, especialmente dos iaques. Tenha cuidado com a gazela da Mongólia e com o antílope tibetano, pois eles gostam de correr junto com carros.
  • Evite exercícios cansativos. Descanse freqüentemente e, se necessário, tome remédios para altitudes elevadas.

 

Uma curiosidade cinematográfica sobre Hoh Xil

Existe até mesmo um filme chinês sobre esse importante território (que foi filmado nele, inclusive), chamado “Patrulha da Montanha”, em português, embora seu título original seja simplesmente o nome do planalto, isto é, “Kekexili”. O filme foi dirigido por Lu Chuan (I), lançado em 2004 e foi premiado em mais de um festival internacional ao ser exibido. A sinopse é a seguinte: “Um jornalista de Pequim investiga o misterioso desaparecimento de patrulheiros voluntários e animais sagrados do Tibet. Os crimes, cometidos da mística montanha de Kekexili, conduzem a uma terrível suspeita: a de que os patrulheiros do local cooperam com os caçadores ilegais”.

Veja abaixo o trailer de Patrulha da Montanha e já aproveite para prestar atenção nas paisagens de Hoh Xil:

 

 

Falando nisso, a China Vistos tem um artigo exclusivo sobre a ascensão do mercado audiovisual chinês e você pode conferir mais sobre o tema clicando aqui.

 

O segundo e mais recente sítio entre os novos Patrimônios Mundiais chineses: Gulangyu

 

A ilha é reconhecida por sua beleza
A ilha Gulangyu vista por fora.

 

Gulangyu (ou Ilha Gulangyu ou Kulangsu), o mais recente sítio entre os novos Patrimônios Mundiais chineses, é uma pequena ilha apenas para pedestres – Gulangyu não só proíbe carros, mas também bicicletas, e os únicos veículos permitidos são pequenos buggies e veículos elétricos de serviços governamentais – localizada na costa de Xiamen, província de Fujian, na região sul da China.

Administrativamente, a ilha atualmente forma o Subdistrito de Gulangyu do Distrito Siming de Xiamen. Com a abertura de um porto comercial em Xiamen, em 1843, e o estabelecimento da ilha como um assentamento internacional em 1903, esta ilha na costa sul do império chinês tornou-se, de repente, uma importante janela para as trocas sino-estrangeiras. Kulangsu é um exemplo excepcional da fusão cultural que emergiu dessas trocas e, por isso, nela existe uma mistura de estilos arquitetônicos diferentes nas construções locais.

Embora apenas cerca de 20 mil pessoas vivam na ilha, Gulangyu é um importante destino turístico, atraindo mais de 10 milhões de visitantes por ano e tornando-se uma das atrações turísticas mais visitadas da República Popular da China – Por exemplo, neste ano, somente durante o feriado do Dia Nacional e do Festival de Meio Outono, a ilha recebeu mais de 340 mil visitantes, depois que entrou na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO. Entretanto, para melhorar a experiência dos turistas nas visitas ao local, durante o feriado as autoridades locais regulamentaram as entradas na ilha, permitindo que apenas 50 mil pessoas por dia entrassem lá.

Quanto à entrada da ilha na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO como patrimônio cultural, sendo o segundo dos novos Patrimônios Mundiais chineses, ocorreu no dia 8 de julho, na mesma sessão do Comitê do Patrimônio Mundial ocorrida na Polônia, que colocou Hoh Xil na Lista, um dia depois, constituindo o quinquagésimo segundo e mais recente patrimônio do grande dragão asiático. E no dia 4 de setembro, foi emitido o certificado do patrimônio mundial pela diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova. O momento foi celebrado com uma exibição de fotos do patrimônio mundial para os líderes do Egito, Guiné, México, Tajiquistão, Tailândia e dos cinco países membros do BRICS, na província de Fujian, no sudeste da China, ao som da música de um concerto folclórico, realizado na ilha galardoada, em Xiamen.

 

Xi Jinping e seus parceiros comemoram juntos
Líderes mundiais celebram a entrada de Gulangyu na Lista de Patrimônio Mundial da UNESCO.

 

Agora, o país está apenas atrás da Itália em relação à quantidade de patrimônios reconhecidos pela UNESCO. Com a entrada de mais um território, a posição empata, e, com a entrada de mais outro sítio, o país se tornará o maior detentor de patrimônios do mundo.

Dois dias após a inclusão do segundo sítio dos novos Patrimônios Mundiais chineses na Lista, Liu Yuzhu, chefe da Administração Estatal do Patrimônio Cultural da China, alto funcionário cultural, sublinhou que a nação deve assumir uma maior responsabilidade na proteção do patrimônio mundial e promover a cooperação internacional, o que reflete as grandes preocupações que o país tem com a segurança nacional. ”A China cooperará estreitamente com as organizações internacionais para promover a proteção do patrimônio mundial e compartilhar suas experiências”, disse Liu. Também, além da preocupação com a segurança de nativos e turistas no local, Liu ressaltou que é necessário buscar resolver problemas na supervisão, proteção e administração do patrimônio para evitar superlotações, exaltando a necessidade de regulamentação do segundo entre os dois novos Patrimônios Mundiais chineses.

 

Por que visitar Gulangyu?

 

A ilha contém habitantes e turistas de bom gosto musical
Gulangyu é conhecida como “Ilha do piano”.

 

  • Gulangyu é conhecida como a “ilha do piano” devido à afeição de seus habitantes pelo instrumento e pela música clássica. A propagação do cristianismo em 1900 trouxe música ocidental para a ilha. Igrejas e museus foram construídos (vide o Museu do Piano), e os habitantes apreciaram as performances ocidentais nesses locais. Desde então, o ambiente cultural local da ilha misturou-se com a música e a arte estrangeiras introduzidas, e é por isso que a cena cultural de Gulangyu difere de outras partes da China. Interessados nesse aspecto da ilha devem visitar o Museu do Piano.
  • Gulangyu tem mais de 2 mil construções históricas intactas, fazendo com que se torne uma das colonizações internacionais mais preservadas na China.
  • O Jardim Botânico Wanshi abrange templos, plantas tropicais e rochas com inscrições caligráficas.
  • A Universidade de Xiamen, fundada em 1921, é conhecida por suas áreas verdes. Perto dela, o Templo Nanputuo data da Dinastia Tang e fica na base da montanha Wulao, com trilhas até o topo.
  • A rua para pedestres Zhongshan é uma antiga via dedicada às compras com edifícios ao estilo europeu.
  • Uma antiga artilharia de 1894, a fortaleza Huli Shan, tem vistas do mar e uma grande variedade de canhões antigos.

 

Como visitar o segundo sítio dos novos Patrimônios Mundiais chineses?

 

A vista aérea da ilha Gulangyu.

 

A ilha conta com meios de transporte convenientes. Você pode ir de avião, de comboio, de ônibus ou de balsa (meio de transporte mais utilizado). O transporte dentro da cidade também é satisfatório.

Os visitantes comumente chegam em Gulangyu de balsa a partir do terminal de balsas em Xiamen. Os residentes locais podem utilizar uma balsa mais curta de 5 minutos pelo Terminal de Balsas Lun Du. Durante o dia e a tarde (das 7h10 às 17h50), a cada vinte minutos, turistas e estrangeiros podem fazer viagens de balsa de 20 minutos do Terminal Internacional de Cruzeiros Dongdu para Nei Cuo Ao ou Kulangsu Town, que custam 35 yuans. À noite, depois das 18h, turistas e estrangeiros podem pegar, também a cada vinte minutos, uma balsa mais conveniente do Terminal 2 de Lun Du, que vai ao Terminal San Qiu Tian na cidade de Gulangyu. Esse serviço é executado toda noite e também custa 35 yuans entre as 18h e a meia-noite, porém custa somente 5 yuans de madrugada, entre a meia-noite e as 7:00 da manhã, realizando, no entanto, apenas uma viagem por hora.

A maioria dos turistas considera a acomodação local, com muitos hotéis com classificação de cinco estrelas, conveniente. E há uma abundância de produtos locais especiais para você adicionar à sua lista de compras. Quanto à alimentação, há à venda na ilha, principalmente, vários tipos de chá, frutas, azeitonas e muitos frutos do mar (peixes, camarões, caranguejos, etc).

 

E então, o que achou dos dois novos Patrimônios Mundiais chineses? Já eram pontos turísticos notáveis, mas, agora, ganharam mais visibilidade ainda. O que está esperando para dar uma passada por lá? Se tem interesse por um lugar calmo, tranquilo, isolado e deseja entrar em contato com a natureza e com animais raros, dê uma chance para Hoh Xil; se quiser visitar um ambiente mais agitado, humano, cultural e estiver a fim de ouvir música de qualidade e comer bons peixes, Gulangyu é seu lugar. Pegue seu visto chinês e vá agora mesmo!

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Por Rafael Queiroz

Fontes: UNESCO, Travel China Guide, China na Minha Vida, China Link Trading, People’s Daily Online, Xinhua, Filmow